sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Profeta Elias


O profeta Elias

Os seis últimos capítulos de 1 Reis ocupam-se do ministério do profeta Elias no reino do norte, o reino das dez tribos. Este espetacular homem de Deus chama nossa atenção para um bom propósito. Ele é uma das figuras mais notáveis em toda a história de Israel. Sua proeminência é vista na reforma religiosa que executou e no fato de que o Novo Testamento fala mais dele do que de qualquer outro profeta do Antigo Testamento. Além disso, ele foi o escolhido para aparecer com Moisés na transfiguração do Senhor. Ademais, é a partir deste ponto que o ministério dos profetas nos dois reinos judaicos se torna mais enfático. Um dos personagens mais surpreendentes e fantásticos de Israel, Elias aparece repentinamente em cena como um profeta da crise, com trovões na voz e tempestades no olhar. Ele desaparece também de modo súbito, levado para o céu num carro de fogo. Entre a primeira e a última aparição, estende-se uma sequência de milagres espantosos. Chamaremos atenção aqui para três coisas: seu caráter, seu ministério e seu significado.



Seu caráter

A grandeza do caráter de Elias é reconhecida por todos. Mesmo os críticos que puseram em dúvida seus milagres concordam com ela. Ele parece ter sido notável até mesmo fisicamente. Não era homem da cidade, mas do campo. De fato, parece ter sido um verdadeiro beduíno, apreciando os esconderijos dos montes e vales, percorrendo as vastas Pastagens desabitadas de Basã. Sua aparência austera e sóbria sem dúvida teria atraído imediatamente a atenção do homem da cidade, vestido de forma mais agradável. Ao lermos sobre o confronto entre Elias e Acabe, quando o profeta anunciou a aproximação de um período de seca, devemos imaginar um xeque barbudo, de cabelos longos e pele queimada pelo sol, ou um daroês magro, de olhos penetrantes, vestido com peles de ovelha, entrando ousadamente na presença do rei e levantando um braço rijo para o céu ao acusá-lo de pusilânime em tons que soavam como os ecos temíveis das montanhas.
Mas Elias surpreende também no que diz respeito à sua formação moral. Três qualidades destacam-se em especial: coragem, fé e zelo. Vaja a coragem. Este é o Martinho Lutero do Antigo Israel, que sozinho desafiou todos os sacerdotes da religião do Estado e todos os cidadãos do reino para um teste decisivo no Monte Carmelo.
Veja também sua fé. Ela reforça a coragem. Era necessário ter muita fé para apresentar-se a Acabe e dizer: “... nem orvalho nem chuva haverá nestes anos segundo a minha palavra” (1 Rs 17.1)! A natureza, por si só, pode fazer o orvalho e a chuva faltarem por dias ou semanas e, em casos bem raros, até por alguns meses; mas para que o orvalho e a chuva sejam retidos durante anos é necessário que haja uma intervenção sobrenatural.
Observe agora o zelo de Elias. Ele verdadeiramente expressou sua principal paixão, ao afirmar: “Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos” (1 Rs 19.10). Quanto este filho do deserto, queimado pelo sol e inculto, pode nos ensinar sobre o zelo pela honra divina, sobre a indignação ardente diante da transigência religiosa e sobre a lealdade veemente à palavra de Deus!


Seu ministério

O Dr. Kitto comenta: "Havia dois tipos de profeta: os de ação e os de palavras. Dentre estes últimos, o maior é, sem dúvida, Isaías. Entre os primeiros, jamais houve alguém maior do que Elias". Este é, portanto, o primeiro faio sobre o ministério de Elias: ele era um profeta de ação. Segundo nos consta, ele não escreveu nada, mas isto não nos surpreeende. Uma impetuosidade e um dinamismo como os de Elias dificilmente se unem à paciência de um escritor. Muitos dos mais entusiastas e enérgicos reformadores não tinham absolutamente qualquer dom como escritores, tram homens de ação e não de discurso. Sempre há necessidade de homens assim.
O ministério de Elias também foi de milagres. A todo momento encontramos milagres. Em vista disso, alguns recentes “eruditos” descartatram sumariamente esta seção das Escrituras como sendo mítica. Todavia, a narrativa é tão sóbria e detalhada que, se não fossem palos milagres, o crítico mais destrutivo jamais questionaria sua veracidade.
O ministério de Elias incluiu igualmente reforma. Ele não deu origem a nada. Contudo, protestou contra a apostasia religiosa e a degradação resultante de seu povo, chamando os homens de volta aos bons e antigo* caminhos que o Deus de Israel havia lhes designado através de Moisés. Hoje, há necessidade de denúncias assim diretas.


Seu significado

Em primeiro lugar, Elias demonstra a verdade de que Deus tem sempre um homem que se apresenta na hora exata. As coisas já estavam suficientemente negras quando Acabe começou a reinar, mas ele logo as tornou cem vezes piores. Está escrito: "Ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o instigava" (1 Rs 21.25). Sob a liderança real foi feito um esforço determinado para eliminar a religião do Senhor. Este foi o período mais medonho de toda a história de Israel. Todavia, justamente na hora crítica surge o herói de Deus. A mesma coisa repete-se continuamente na história, Quando a luz da verdade evangélica parece estar a ponto de extinguir-se da cristandade, e o papado sufoca milhares de europeus sob seu manto perverso, Deus tem seus Luteros e Calvinos para chamar o continente de volta àquela fé entregue de uma vez por todas aos santos. Quando a política, a religião e a moral se tornam tão degenerativas na Inglaterra que a própria essência da nação é prejudicada, Deus tem os seus John Wycliffes, William Tyndales, Whitefields e Wesleys.
Outro aspecto que Elias ilustra é que, quando a perversidade atinge proporções extraordinárias, Deus a confronta com medidas extraordinárias Os deuses fenícios que Jezabel e Acabe ensinaram Israel a adorar representavam essencialmente os elementos materiais que produzem o orvalho e a chuva — Baal, Astarote e Aserá. Assim sendo, o Deus verdadeiro mostra sua superioridade sobre todos os poderes da natureza, suspendendo a chuva e o orvalho por três anos e seis meses. Em oposição aos milagres fictícios da falsa religião, o Senhor intervém com milagres reais. Eis a razão pela qual o ministério de Elias é de milagres. Deus está enfrentando uma situação extraordinária com medidas extraordinária*. Acredito que também hoje, quando uma situação extraordinária começa a desenvolver-se, podemos esperar que Deus enfrente mais uma vez o desafio com medidas extraordinárias.

Extraído do livro "Examinai as Escrituras", vol. 2, de J. Sidlow Baxter, editora Vida Nova, páginas 117-119.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Água no Mundo Bíblico


A água no mundo bíblico 


O mundo bíblico tinha grandes preocupações quanto à água e sua escassez. Quando as chuva não vinham, quando as fontes esgotavam e os poços secavam, a estiagem e a fome tornavam-se realidade. Por isto Abraão migrou para o Egito (Gn 12.10). O mesmo motivo levou os irmãos de José ao Egito (Gn 42.5). Noemi e seu esposo viajaram a Moabe pela mesma razão (Rt 1.1). Davi enfrentou uma estiagem de 3 anos (2 Sm 21.1). 

As culturas bíblicas desenvolveram sistemas para protegerem-se das estiagens. As cidades cresceram ao redor de fontes naturais, perfuraram poços para coletar água e construíram cisternas para armazenar o precioso líquido. Algumas eram grandes cavernas escavadas nos leitos de rocha e impermeabilizadas. 

A seriedade com a água era tratada pela cultura bíblica não deveria nos surpreender. As chuvas determinavam a fertilidade da terra e o sucesso de cada plantação. Já que o desenvolvimento de fontes de água (como o manejo de um rio) era humanamente impossível, ficava claro que somente Deus tinha o destino da agricultura de Israel. 

A água também desempenhava um papel vital nas tradições religiosas de Israel. Rituais de purificação viam-na como um ingrediente essencial para lidar com a lepra e outras doenças, para a lavagem de utensílios e para limpar-se após tocar em um cadáver (Lv 15; Nm 5.2). A água era tão preciosa, que era usada até como oferta perante Deus (1Sm 7.5,6). Distinções qualitativas da água também eram habituais. A chuva outonal trazia festivais sempre em outubro. A nascentes que se avolumavam após a estação das chuvas simbolizavam a bênção de Deus. Estas eram comparadas à água que fora armazenada em cisternas durante o ano. Nos dias de Jesus, o judaísmo fazia distinção cuidadosa não da qualidade ou sabor da água (embora a das nascentes fosse inerentemente melhor), mas de sua origem. A água das nascentes era usada nos rituais religiosos de Israel. O judaísmo fazia diferença entre água "viva" e água comum. 

A lei oral do judaísmo primitivo (o Mishnah) devotou um capítulo inteiro à classificação de tipos de água para usos especiais (mikva'ot). Água "viva" não é uma referência à água em movimento ou fresca, mas àquela que vem diretamente da mão de Deus (da chuva, da nascente, de um rio). Esta água não foi transportada, nem erguida por mãos humanas e carregaria uma autoridade divina (Mishnah, mikva'ot 3-4). Muitos rituais de purificação devem acontecer em águas vivas. Em Qumran, onde os pergaminhos do Mar Morto foram encontrados, os tanques não podiam ser enchidos com água comum transportada, mas deveriam ser diretamente ligados a uma finte que corresse de algum rio dos arredores. Na verdade, esta água viva era considerada tão potente, que apenas uma gota bastava para transformar um tanque inteiro de água comum em algo que pudesse purificar ritualmente, pois a água viva tinha o poder de limpar e purificar. Isto ajuda-nos a entender porque João Batista requeria dos moradores de Jerusalém que marchassem pelo deserto até chegarem ao rio Jordão para o batismo. A água viva simbolizava sobra vivificante e purificadora que vem somente de Deus. 

Quando Deus castiga, os céus se fecham e a terra seca, como nos dias de Elias (1 RS 17).

Todo ritual de purificação ficaria prejudicado sem as águas de chuvas, nascentes ou ribeiros, durante uma prolongada estiagem.
 

Adaptado de A Bíblia e a Terra, de Gary M. Burge (CPAD), capítulo 6.

domingo, 13 de janeiro de 2013

A Responsabilidade dos Pais

Tema do culto de doutrina no dia 10/01.

Baixe os slides clicando aqui.

Assista o vídeo clicando aqui.

Pr. Kleber Maia

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O Cristão e o Sofrimento

Tema do culto de doutrina em 03/01/2013 na congregação de Cidade satélite, pelo Pr. Kleber Maia.

Clique aqui para baixar os slides.

Veja o vídeo clicando aqui.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Subsídio para EBD

Subsídio para lições do primeiro trimestre de 2013 da EBD.


Precursores dos profetas

Há três precursores dos profetas: Moisés foi o “manancial da tradição profética” por sua relação especial como porta-voz de Deus e mediador entre Javé e Israel (Nm 12.6-8). Sua experiência no Sinai foi além da expe­riência profética normal, e ele se tornou o profeta escatológico, de acordo com Deuteronômio 18.15-22. Na verdade, há evidências das "ligações linguísticas, estruturais e temáticas entre Moisés e Isaías, por um lado, e Jeremias e Ezequiel, por outro". Samuel, em seguida, é o "modelo do papel profético", chamado em Atos 3.24 de o primeiro profeta (e em Atos 13.20 de o último dos juízes) e do "profeta de Javé" para a nação (1Sm 3.20). Assim, ele se coloca no ponto decisivo da progressão de juízes à monarquia e aos profetas. Desse modo, foi o "guardião da teocracia" em termos de manter a nação fiel a Deus. Por fim, Elias foi quem "modelou o curso dos profetas clássicos". Mesmo não tendo deixado um livro de profecias, ele estabeleceu o padrão para a profecia da destruição contra um povo idólatra e foi o pri­meiro dos "acusadores da aliança" contra o povo. John Eaton considera qua­tro coisas que contribuíram para a grandeza dos profetas hebraicos: (1) a crítica que eles faziam à sociedade; (2) as visões de salvação (um mundo novo e um governante messiânico); (3) a dedicação pessoal (viver completamente a serviço de Deus); e (4) a literatura (oferecendo não apenas a condenação, mas o sentido e a esperança). As grandes crises da nação geraram grandes profetas para satisfazer essas necessidades.

O chamado do profeta

O chamado do profeta pode ocorrer por meio de uma experiencia de revelação sobrenatural, como nos casos de Isaías (6.1-13) ou Jeremias (1.2-10); mas também pode ocorrer por meios naturais, por exemplo, quando Elias lançou o seu manto sobre Eliseu (1Rs 19.19-21), significando a transferência de autoridade e poder, e isso pode envolver também a unção (1Rs 19.16). Ao contrário do sacerdote ou do rei, o profeta jamais assumiu seu "ofício" de forma indireta, por herança, mas sempre de forma direta como resultado da vontade divina. O significado do chamado é sempre o mes­mo: os profetas não estão mais no controle de seu próprio destino, mas pertencem de forma absoluta a Javé. Eles não falam por si mesmos e nem mesmo podem querer proferir a mensagem (ver Jr 20.7-18), mas estão sob o domínio de Javé, chamados para proferir a mensagem divina ao povo.
Muitas vezes Deus usou uma ação simbólica para fazer chegar a verdade ao profeta. Isaías foi tocado na boca com uma brasa viva, o que significava a purifica­ção de sua mensagem (Is 6.7). Ezequiel recebeu a ordem de comer um rolo que "era doce como o mel" (Ez 3.3), o que significava a alegria de comunicar as palavras de Deus. No entanto, a principal ênfase é o envolvimento direto de Deus e a natureza reveladora da mensagem do profeta. Dois gêneros do at dependem de um sentido de revelação divina direta: a Torá (a lei ou partes legais do Pentateuco) e os profetas (o apocalíptico no at é um subgénero de profecia). Esses são os únicos gêneros do at com um sentido tão direto de autoridade. A questão da autoridade é importante na hermenêutica, e os profetas dão a interpretação crucial para tais discussões. Sobre o profeta "veio o Espírito de Deus" (2Cr 15.1; 20.14; 24.20; Is 61.1; Ez 2.2; Jl 2.28). Esse sentido de inspiração divina estava na base da autoridade profética.

Extraído de “A Espiral Hermenêutica”, de Grant R. Osborne (Ed. Vida Nova), páginas 331,332.

Contexto cultural dos profetas

Subsídio para as lições do primeiro trimestre de 2013.


A percepção do contexto cultural de uma história é muito importante para a interpretação. Por exemplo, não se pode estimar completamente o significado dos atos de Elias em 1 Reis 17 sem certo conhecimento da mitologia semítica ocidental. A viagem de Elias à Fenícia ocorre durante o reinado de Acabe, que se casou com uma mulher fenícia e tornou o culto a Baal uma religião oficial em Israel (l Rs 16.30-34). Para os cananeus, Baal era o deus da chuva, responsável pelo crescimento da colheita. Que apropriado e irônico o fato de o Senhor ter mandado uma seca à terra, como punição por causa da apostasia de Acabe (1 Rs 17.1)!

Segundo o mito semítico ocidental, a chegada da seca foi um sinal de que Baal fora derrotado, ao menos temporariamente, por seu maior inimigo, Mot, o deus da morte e do inferno. Durante a época da seca, Baal era prisioneiro de Mot e incapaz de cumprir sua responsabilidade como rei, que era suprir a ca­rência do povo e assegurar a fertilidade.

Contrapondo-se a esse contexto, os feitos de Elias em 1 Reis 17 assumem grande significado. Por meio de Acabe, o deus Baal, por assim dizer, invade o território israelita. Mas, então, enquanto Baal está incapacitado e impossibilitado de recompensar seus fiéis adoradores, o profeta do Senhor invade a base domiciliar dele. Por intermédio de seu profeta Elias, o Senhor cuida de uma viúva carente, suprindo-a milagrosamente com gêneros de primeira necessidade (farinha e óleo). Enquanto Baal definha nas profundezas do inferno como prisioneiro da morte, o Senhor demonstra seu poder sobre a morte, ressuscitando o filho da viúva. Os acontecimentos registrados em 1 Reis 17 preparam o terreno para o confronto entre Elias e os profetas de Baal no monte Carmelo (l Rs 18). Os profetas de Baal se retalhavam com facas, num esforço para ressuscitar o deus deles da morte. O mito semítico ocidental indica que essa automutilação era um ritual de lamentação destinado a facilitar o retorno de Baal. Mas o Senhor prova que reina sobre as intempéries, quando consome o sacrifício com raios e a seguir envia uma chuva torrencial.

Extraído de “Interpretação dos Livros Históricos”, de Robert B. Chisholm Jr (Ed. Cultura Cristã).